sexta-feira, 4 de setembro de 2009

John Travolta interpreta sequestrador em filme de Tony Scott

'O sequestro do metrô' também tem Denzel Washington no elenco.
Longa, que estreia nesta sexta (4), erra pelos excessos de efeitos.


Há alguns momentos no suspense "O sequestro do metrô", que estreia no país na sexta-feira (4), que comprovam estarmos diante de um filme de Tony Scott. É quando a câmera gira.

Num filme de Tony Scott, a câmera gira de todas as formas possíveis e imagináveis e, a cada novo trabalho, o diretor parece aumentar a lista de possibilidades para esse efeito. O problema é que há muito tempo esse tipo de artifício deixou de ser eficiente e passou a ser irritante.


Irmão mais novo de Ridley Scott, Tony chamou a atenção nos anos 1980 com "Fome de viver", mas ficou famoso mesmo em meados daquela década com "Top Gang - ases indomáveis". Desde então, sua carreira andou na corda bamba dos filmes medíocres com cara de videoclipe.


É o caso de "O sequestro do metrô". Trabalhando com um roteiro de Brian Helgeland ("Sobre meninos e lobos"), a partir de um romance de John Godey já filmado duas vezes - em 1974, por Joseph Sargent e, em 1988, numa produção para a TV por Félix Enríquez Alcalá - o diretor encontra uma desculpa para todos os seus tiques visuais de comercial de televisão.


Como o título já entrega, o filme é sobre o sequestro de um trem do metrô de Nova York. John Travolta (o eterno Tony Manero) é o vilão, Denzel Washington ("O gângster"), mais uma vez é o sujeito comum que salva o dia bancando o herói. A trama, por si, não tem nada de novo, mas poderia manter a tensão não fossem os exageros visuais de Scott.


Walter Garber (Washington) é um controlador de tráfego do metrô que atende a ligação do sequestrador Ryder (Travolta), que tomou um vagão com passageiros e, em uma hora, começará a matar um por minuto se o seu pedido de resgate não for atendido. É uma corrida contra o tempo - e Scott parece levar isso a sério demais com sua câmera giratória e planos que duram um piscar de olhos.


Em meio a esse caos visual de fotografia estourada, cores saturadas, cortes rápidos e câmera frenética existe uma questão moral soterrada. O personagem de Washington é investigado por suborno e o de Travolta tem um passado que vai se revelando pouco idôneo também.


James Gandolfini (Tony Soprano) é o prefeito de uma Nova York pós-11 de Setembro, pós-Giuliani, na qual o dinheiro, mais do que nunca, manda e desmanda nos homens. Alguns aceitam as ordens por motivos nobres, outros, por pura ganância. Seria um comentário ácido - embora pouco original - não fosse o desvario ao qual "O sequestro do metrô" se entrega antes mesmo de acabar a sequência de créditos iniciais.


As cenas de ação, especialmente aquelas que acontecem na superfície da cidade (e não no vagão sequestrado) são absurdamente exageradas e parecem planejadas apenas para aplacar a fome de Scott pelo caos.


Fosse feito alguns anos atrás, ainda no calor do 11 de Setembro, talvez "O sequestro do metrô" fosse mais palatável - ao menos para os nova-iorquinos. Agora, quase uma década depois do ataque terrorista, o filme se perde e fica girando em falso, como a câmera de seu diretor.

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